segunda-feira, 26 de setembro de 2005

O outro lado do túnel

Paulo era um rapaz normal. Tímido, possuía o cacoete de ajeitar seus óculos na face rosada sempre quando escutava algo que o deixasse sem graça. Tinha aquele riso preso, contido, típico de quem procura ser discreto até nos momentos de exposição das emoções mais orgânicas. Não tinha muitos amigos. Mas isso não dava pra saber se era por escolha própria, por imposição da vida ou por não ter tido morada fixa até os quinze anos de idade mais ou menos. Seu pai era representante comercial de uma grande empresa multinacional. Em virtude disso já havia morado em cinco estados brasileiros diferentes. Inclusive quando queria chamar a atenção das pessoas, costumava dizer que esse fato dava a ele uma maior noção da diversidade cultural brasileira. No Rio, última morada fixa nesses vai e vens, assim que chegara à cidade era possível espiar pela porta do quarto e vê-lo treinando no espelho do armário antes de ir para uma festinha da escola, o tal comentário manjado da diversidade cultural.
Como não construía laços onde passava por sempre estar de passagem, acabou contraindo uma predisposição a leitura. Mas não lia de tudo não, na verdade não lia quase nada, gostava só de pulp ficcion vagabundos e das revistas de quadrinhos eróticos de Zéfiro. Essas sacanagens ilustradas que anos depois dos lançamentos originais, ganharam até um referencial cult, pra ele tiveram status de iniciação sexual. Além das que tivera acesso dos colegas da rua, conseguiu comprar três velhos exemplares num sebo de Belém, um mês antes de se mudar pro Recife. Em Pernambuco teve sua primeira experiência na cama. Por causa disso, o sotaque nordestino ficaria peculiarmente eternizado em sua cabeça com um quê de malicioso por todo o sempre. Personagens nordestinas de novela eram certeza de uma infinidade de punhetas por parte de Paulo.
Já no início da faculdade de economia, conseguira estágio numa empresa de consultoria do centro da cidade. No pouco tempo que estava lá, a firma, que passava por um processo de crescimento e expansão, fechou o escritório no velho prédio pra inaugurar um andar inteiro num moderno edifício comercial a algumas quadras dali. Nessa época ele estava namorando uma menina muito pudica do Grajaú. Tinha tirado sua virgindade no início do namoro, uns oito meses antes. Paulo, que morava no Flamengo, desde que chegara ao Rio só havia transado com garotas da Zona Norte. Até gostava das meninas da Zona Sul, mas achava que do outro lado do túnel as coisas eram mais quentes. A ironia era justamente Sandrinha, que mesmo oriunda das arborizadas ruas do bucólico Grajaú, chupava seu pau sem lá muito talento e negava-se a lhe dar a bundinha. Desconsiderando isso por achar ser fruto da inexperiência da morena de coxas grossas, dizia pra si mesmo que logo, logo, a colocaria nos eixos. Os meses foram passando e Paulo, que costumava ser fiel às namoradas, amargava o fracasso das tentativas de investida às intactas pregas de sua garota.
Um belo dia, repassando sua última tentativa da noite anterior e praticamente resignando-se em não comer uma bunda tão cedo, viu uma imagem divina ao abrirem-se as portas automáticas do moderno elevador do novo edifício comercial de seu estágio. Monique era uma ruivinha que jurava de pé junto e por todos os santos imagináveis não ter dado mole pra ele naquele primeiro dia de encontro ao acaso. Em pouco tempo estavam íntimos. Com a rotina ajustada pelos dois de maneira suíça pontualmente pra sempre poderem se encontrar nos horários de chegada, almoço e saída do trabalho, Monique não precisou impressionar somente pela sua beleza o tímido estagiário de economia: ela morava na Tijuca. Noiva, a safadinha tijucana estava pra casar, mas após três semanas de confidências mútuas sobre seus relacionamentos via internet, se viram na escada de serviço do edifício em pleno horário de almoço mútuo, numa troca de beijos e carícias que perigava fazer soar o moderno alarme de incêndio do prédio high tech. Era uma sexta feira e Paulo havia planejado uma viajem pra Búzios com Sandrinha, iriam partir depois do expediente. Monique estava naqueles dias, mas como a temperatura era vulcânica no antes glacial vão do décimo segundo andar, ofereceu de forma catedrática o orificiozinho que fazia parte dos sonhos mais adolescentes do futuro economista, arrebitando a linda bundinha de costas e segurando firme no corrimão das escadas.
Na manhã seguinte, já na praia, Sandrinha estranhava a sociabilidade de Paulo para com ela. Havia desistido do futebol com o sogro pra ficar embaixo da barraca e repetiu umas cinco vezes “eu te amo” até ela resolver parar de contar. Naquela faixa de areia e mar em Geribá, ele não era o mesmo homem do dia anterior. Havia finalmente comido um belo, quente e amistoso cu.

2 comentários:

Anônimo disse...

hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.....

o tão esperado cu. digo, texto do cu.

muito bom. cheguei a chorar de tanto rir!!!

abraço.

roseggata disse...

meu amigo...voce escreve tão bem...sem erros de portugues...um texto tão bem redigido que não combina em nada com a palavra cú...voce deveria substitui-la pela palavra anus...hahahahahahahahaha...
beijosss...