sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Astro Rei

Fez-se abrir o sol na morada dos nossos pensamentos. A luz invadia a sala e estendia-se até o quarto. Na cama, dormia toda imperfeição de ideais que não celebravam a positividade. Ao lado, na cômoda, havia um relógio que despertava tocando reggae em manhãs como aquela. Em tempos de chuva não funcionava, deixava os sonhos tornarem-se a prioridade do dia amaciando a jornada com um leve e grave dub. Da porta do quarto, dava pra ver um pouco dos tênis escondidos por debaixo da fronha da cama, escorrida entre o hiato da armação de madeira e o chão. Surrados, eram responsáveis pelas caminhadas feitas para se distanciar de tudo aquilo que não fazia bem. Quando precisavam chegar perto das coisas boas, eles ajudavam na corrida. Da janela, desenrolando-se quase como um solo de sax num cooljazz, era possível ver desde toda a imensidão das vontades sadias às possibilidades das histórias mais vadias. Apoiar-se naquela moldura de madeira era ter a fundamental certeza e entendimento que não se pode ficar parado havendo tanto espaço. Tudo aquilo, até aquelas coisas inanimadas que se podia avistar bem ao longe, ganhava vida própria na imaginação do sopro rei. Mesmo sem aparentar o stress típico das grandes responsabilidades, sem aquela carga pesada de um blues que clama piedade, o astro divertia-se todas as manhãs adubando vida e sonhos por onde seus raios alcançassem. Fazia isso todo o dia há infinitas gerações. Era energia pura em constante movimento. Antídoto antimarasmo à prova do tempo.

Repaginada em antiga poesia original de 2004. Bartoli.® Todos os direitos reservados.

Um comentário:

Anônimo disse...

esse eu já conhecia....

abraço