segunda-feira, 12 de março de 2018

Não vai mudar nada sair daqui vivo novamente.

Planejou aquela viagem - sem sacanagem - como se ela fosse durar uns 40 dias. Foi logo dando linha nas regras, empacotando mochila e organizando - ilha por ilha - cada uma das suas espectativas. Quem viaja sabe que sonho que é trip jamais se adia. Não tem revelia, empata idéia, documento que faça parar o tempo. Não tem nexo – imagina – nem dor, nem tédio, nem mesmo um momento que faça a vela não esperar o vento. Se jogar é sexo e não tem léxico ou semântica que me afaste da polissemia que é tirar a roupa pra vestir carimbo. Passaporte passa, as vezes com sorte, as vezes na marra. E quando a gente chega a gente assa, trapaça e flerta com a morte. O destino a gente encaixa. A gente finge que sabe que o caminho é pente. O caminho é água. E volta no tempo – volta pra praça – volta pra casa. Do gole que entorna a música - embriaga. Da ressaca que enganbela as manhãs - a desgraça. São dias que viram semanas. Que virão te buscar. Que viram meses. Que virão te mudar. Que viram você mudar. Já - e de novo. Como um ano novo sem sapatos, ácido, sem correntes. Como essa vida sem filtro. Sem filhos. Fictício. Um filme sem fogos de artifício. Impossível saber que tudo seria assim tão difícil. Como patos em enchentes – lama - corrente absurda. Ninguém aprendeu a nadar aqui. E foi sem ar que a gente aprendeu a voar. Segura minhão mão, vem. A gente já quase morreu junto tantas vezes. Não vai mudar nada sair daqui vivo novamente.