sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Por toda coragem que o medo dá


Escrevo músicas que jamais vou tocar. Continuo começando as mesmas coisas que eu nunca vou terminar. Enquanto bebo outra cerveja, reencontro todas aquelas respostas que já sei que não vão durar. Já desisti das minhas certezas mais profundas por você. E agora que a gente sabe que o mundo muda enquanto a gente muda com ele, ficou mais fácil ser doce. Enquanto outro idiota voa por cima do balcão, eu vejo poesia numa janela quebrada. Eu vejo poesia nas situações mais ridículas. E com a minha barba ensopada de sangue, começo a acordar de todos os meus pesadelos bruscos. Por que nos meus sonhos a vida é sempre esse entra e sai constrangedor? Essa fissura de acender um cigarro quando a gente não conhece ninguém? Eu sei do que sofro. Conheço essa doença. Sei muito bem como é essa vontade de encontrar alguém que nos faça sentir bem, quando a gente quer ficar junto assim, sem fazer nada. Minha sala precisa de uma mesa há tempos. Minha sala precisa de você dormindo no sofá. Minha casa precisa parar de ser o meu corpo aonde quer que eu vá. Porque quando existe um motivo pra voltar, a gente sabe que tudo começou a valer a pena. E quando a gente volta a sentir esse medo, dá uma coragem danada pra levantar.