quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Todo esse nosso maldito erro que atrai

Me visto em situações nas quais insisto em absorver a paz que nunca vou poder ter. O barulho tão confortável da pressão de uma tampa saindo, é aberto envolvendo sensações que me deixam só com mais sede. Cada gole que tomo de seu olhar irrita minha garganta. Me sufoca. Me ofusca. Mas se é doente a ironia que preza uma paz insubstituível ao sinal do fim de um mal que atrai, as fragrâncias de seus vetos colocam meu reto de cara pra um medo sem freio. Fizeram a gente acreditar em tanta coisa que me sinto marginal a cada novo passo que dou, a cada novo dia que sou.Já que poder ver um novo pôr-do-sol contigo é tão difícil, enveredo em cada bendita pedra portuguesa que abriga essa minha correria. Marchas feitas de suor e vento, sempre digerindo novas certezas fáceis de engolir. Se são elas amaciadas pela dor ou requentadas pelo calor de um final de noite regado a vinho, não importa. Assim tudo sempre acabou bem.Saio de meu próprio centro quando você está onde estou. É. Nem sei como seria nós dois. Verdade. Periga uma coisa dessas nunca poder acontecer, pois arruinaria eternamente o raro filão das histórias tristes. Há tempos elas vem se garantindo em dois personagens como a gente. Já investiram muito talento pra isso não dar certo. Em todo esse capricho de tempo e lugar no espaço. Em todo esse nosso maldito erro que atrai.