sexta-feira, 17 de março de 2006

Sede

Na madrugada vontade de um café. Nada de ficar lendo ao lado de um criado-mudo que nada falaria. O lance era ir pra cozinha, mais precisamente pra área de serviço. Pegar uma brisa da madruga entrando em harmonia com o barulho alto que o silêncio faz quando estamos em paz. Pó, canela, mel e um pouco de chocolate. Cadeira de praia armada lá fora. A luz branca ordenada pelo interruptor sempre simpática e ajudando a criar um clima necessário pra se poder ler sem cerrar a vista. Em pouco tempo, barulho da cafeteira. O preto forte pronto, dentro duma caneca branca, com um ideograma oriental desenhado traduzindo céu, pousado no mármore da bancada. Ao lado a cadeira roxa, sempre com um resquício de areia e um corpo entregue ao momento.
Hemingway lá, falando de forma tão íntima. Fazendo qualquer um se sentir em balcões de Paris do início do século passado. Mas se a cidade luz era uma festa, aquela lua cheia não deixava por menos. E eram três ou quatro livros empilhados com uma sede difícil de explicar. Um escocês na lama de viciados em heroína, um comemorativo dos dez anos de um endereço eletrônico e dois Bukowski. Era sempre necessário manter o tio Buka por perto.Indo até onde a cafeína deixava, passavam-se horas até as piscadas diminuírem a quantidade de espaçamentos. Depois aquele movimento de levantar acampamento. Cama. Um verdadeiro litígio com o tempo. Dormir pra continuar sonhando. Era preciso. Sempre seria.

2 comentários:

Anônimo disse...

pode crer muito massa o texto, gostei da ultima parte.
um salve, as vezes isso que vc escreveu acontece comigo naum consigo dormi muito ideia na mente.
fica com DEUS

Anônimo disse...

pode crer muito massa o texto, gostei da ultima parte.
um salve, as vezes isso que vc escreveu acontece comigo naum consigo dormi muito ideia na mente.
fica com DEUS