sábado, 11 de março de 2006

O Samba

Essa tosse seca impede o silêncio de manifestar seu exagero. Nada parece ter mais brilho que um céu azul repleto de nuvens, prostrado num quadrado janelado. Deitar na cama é com o ventilador no teto. De lado quero rolar na sonoridade explícita. Enxergar que a vida é a falta de nexo. Errar. Sem proteger pra não tropeçar. Falar quando devia ficar quieto. Ligar quando devia deixar no verso. Perguntar onde entra o risco. Confiscar. Quero dar vazão em toda falta de razão. Desatinar o destino. Como samba triste. Samba de bamba. Com cerveja gelada e papo furado. Sentimento puro sem medo de pular na frente do bonde. Tocando só pra te provocar. Coisas de amor escritas. Beijo com som e cor. Pra te provocar. Desço reto rumo a uma estação que não posso te levar. Vejo seu rosto contrariado. Daí pego o tamborim e começo de novo a te errar. Nosso barco afunda a cada instante mais. E quero mais. E tudo por não estarmos mais distraídos. Mas me pergunto se quero teu rumo. E vejo que o que não quero são respostas. Quero apenas mais perguntas. Quero mais samba e mergulho noturno. Quero sofrer com uma capa de lirismo. Não saber o porquê e não querer perder a inocência. E entorno ternura nos meus braços e te abraço forte. E enrosco meu dedo no teu cabelo pra viver a beira da morte. Com sorte sangro. Como um forte, sambo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Foi mal não ter comentado antes, mas é que ando meio distraída ultimamente. ;) Gostei muito. bjs