quarta-feira, 22 de março de 2006

Paladares

Preces fugazes de corações sinceros. Lágrimas correntes permitidas por tortuosas histórias. Brancos. Brancos que dariam pra compor a imagem de santos e diabos. De senhores e criados. Imensidões de poeira levantadas em quartos limpos de apartamentos pequenos mal decorados. Olhos fundos do cansaço de toda vida dedicada a parcos laços. Vontade de não querer nada em troca sendo traída pelo soluço e olhar encabulado que defendem a permissão do pedido dum abraço quente. Incoerente e sempre. Dedicado ao egoísmo de todo sentimento plantado em dias de sol. Mas existem os dias frios de chuva e isso é inevitável. Daí manda-se a merda sem fazer concessões. Quebram-se espelhos de corredores longos que servem apenas pra mostrar que nunca há de chegar o dia em que conseguiremos estar bem apresentados. Sempre a maquiagem estará levemente borrada. Sempre vamos esbarrar em nossas idéias. Subversivas demais. Inocentes demais. Pobres demais. Incompletas demais. Sem adiantar nada, segue-se enchendo úteros de matéria vazia. De poesia sem nexo. De retrocesso. Segue-se enxergando a vida apenas como mais um caso de tentativa de sucesso. Jogando a frustração pra cima de quem não está nem aí por segurar a batata-quente. Matando gênios e sentindo-nos um pouco gênios. Praticando nossos preconceitos para conseguir disposição pra trabalhar todas manhãs. Descendo fundo em buracos de pouca luz, enfiando as mãos em bacias de água fria em busca duma coisa que chegue perto das respostas que satisfaçam tudo que constrói nosso ego inflado.

3 comentários:

Anônimo disse...

Então mano muito massa, esse texto.
gostei mesmo.
Paz.

Anônimo disse...

nada mal rs... bjs beta.

Anônimo disse...

Sem pedir licença...
Sabrina e Vc...q bela dupla!!!
Belo texto...
Bj de uma Amiga de ontem
(e hj)da Sá,
Lígia