terça-feira, 11 de julho de 2006

Conversa de elevador

Entro num ritmo alucinado que me persegue. Canto em vielas, música alta que mescla graves e agudos, soldados e moribundos. Visto minhas roupas amargas e salto alto, no espaço que compreende seu colo de meu peito aberto em aço. Quero eletrônico, quero violão, quero sol e quero viver sob tensão. Não ligo pra tudo aquilo que me falam, pois alimento não se joga fora. Pecado marcado em minha pele, em meu sorriso fácil, em minhas atitudes breves. Desapego que floresce em minha alma, a dúvida permanente que obriga dor ficar colorida. Brilhos, cruzada de pernas, coxas, idéias, cheiros, conversa de bares em esquinas de pedras portuguesas. Goles em gargalos ralos concentrados em motivos que nunca poderiam ser levados tão a sério. Ébrios e destinos traçados sob o suor do desespero, que acende nos olhos de quem não acredita no que vê. Lindas, lindas flores marítimas. Lindas poses íntimas. Lindas fases que nossa melhor fase deu. Vejo-te perto, mas longe como um bom livro num instante de páginas que já reli. Poeira que pede a vida que tudo um dia pôde ter. Cansaço do estardalhaço, tirado no laço da carne de sol. Esqueça se a perda é refeita em cada noite de sexta, em cada momento de breu. A praia está lá pra nós dois. O céu está lá pra nós dois. O cais está lá pra nós dois. Lá no alto voam pássaros que não ligam a mínima pro contexto de ter feito as coisas de meu jeito, de ter seu covarde medo e receio tudo desfeito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Bartoli! Vim retribuir a visita que você me fez. Como percebi, vocÊ também tem suas neuroses. Bons textos, viu?
=]

PS: "Cansaço do estardalhaço tirado no laço da carne de sol" é a frase mais fantástica desse post.