quarta-feira, 17 de maio de 2006

JukeBox

Pego meu tamborim e toco. Toco pra te impressionar. Pego minha poesia e solto. No teu ouvido, no teu umbigo. Solto no ar. Empunho meus cordões e jogo uma capoeira imaginária. Gingo. Sorrio pra você. Abro espaço e passo educado. Meu suor traz memória. Nosso olhar faz história. E sigo. Danço num canto só meu. E sinto. Vejo filmes que me lembram a preciosidade do sonhar. Entro em igrejas sem crenças maiores que uma filosofia única pregada e reinante no amor. Amarro meus pulsos a coisas leves que não me deixam esquecer. Toco marés com as próprias mãos. Vento como um biscate pela contramão. Crio bolhas ao léu. Baixo novas músicas que ainda nem sei cantar. Visto as roupas surradas da minha falta de vergonha. Passo os dedos em minha grande barba mal-feita e falhada. Dou risada. Me alimento de cada pedaço de crise. De cada pedaço de cada soluço que dei. Choro todas as lágrimas secas e perdidas dos dias que não fora preciso voar. Meto os pés pelas mãos. Ligo de novo. Durmo um pouco mais. Bebo o tanto certo pra perder o meu andar reto. Caio. Mergulho num dilúvio de idéias jogadas num chão bagunçado de memórias apagadas. Traço planos e os guardo em caixas dum papelão duro como a cabeça de meus tolos inimigos. Abrigo-me em fumaças que distanciam as vaidades contidas no brilho que teus olhos me trazem. Eles me cegam. Oprimem-me. Mas me dão colo e isso é tão bom quanto horrível. Pedaços de inferno num arco-íris de cores opacas. Pontes abertas por chutes dados em meus momentos de revolta. Nas brigas que travei com meu peito pra esquecer que ele não podia agir assim tão dono de mim. Viro-me em quantos posso suportar pra levar adiante essa chuva. Danço mais. Até por não conseguir ficar parado na fila dessa falta de decisão que esmaga meu bom senso. Afasto-me da inocência embalando uma criança tão pura que suja minhas mãos de branco. Tinta suficiente pra pintar seu nome no céu. Num fundo azul feito de pigmento, magia e papel. Que dobro e guardo no bolso dos assuntos sérios que não consigo esquecer. Mas continuo trocando de roupa, só não disperso a melodia que me faz querer você.

2 comentários:

Pobre Urbano disse...

Poeta...

Anônimo disse...

Vixe cara texto inspirador muito massa.
To de volta cum o Blog tava parado pq tava mó corre pra mim...
Depois passa lá...
Paz...