quarta-feira, 3 de maio de 2006

A gasolina tá um absurdo

Escutando jazz recoloco o disco pra tocar insistentemente. Feliz, mas com aquele tipo de felicidade que faz de forma rude não ligarmos a mínima pra quem não faz parte do universo paralelo que formamos. Foda-se. Enrolo cigarros, fico de cueca olhando o rosa do céu da tarde, vejo qual será a próxima sessão de cinema lá daquele pico que passa uns lixos europeus, mas que de vez em quando algo também que preste e faça valer a pena cada merda já assistida. Desatino. Faço a barba de porta aberta escutando o som meio enlatado por causa do corredor estreito e longo. Preparo rapidamente no mármore e aspiro, três trilhas de um pó de qualidade mediana. Bebo de uma só vez o maravilhoso copo que no balcão me espera já suado e não tão preto da cola, escuro mas meio dourado pelo brilho que um puro malte lhe orna. Meus braços completamente tatuados pulam pra fora de minha camiseta justa branca, quando passo em frente ao espelho da sala que vai do chão ao teto sem cerimônia. Dou um sorriso nervoso pra mim mesmo pois sempre tive esse sorriso nervoso mesmo. Lá fora você se mantém deitada com uns óculos do tamanho do mundo e uma revista que te faz ficar um pouco mais burra, mas você merece descanso dentro de sua genialidade despudorada que tanto me encanta. A piscina brilha e irradia umas luzes disformes que dançam nas paredes repletas de pedras claras com trepadeiras verdes.
Te olho sem você me ver e percebo que mesmo assim nos enxergamos. Perco-me por instantes em pensamentos e a imagem de seu colo com pequenas pintinhas, seu biquíni e seus movimentos bruscos, mas leves, acabam por fazer meu pau ficar duro deixando minha cueca branca deliciosamente realçada pra você. Poderia tirar uma foto dela agora, emoldurar num sanduíche de vidro com perfis de alumínio e te dar de presente pra botar na sala de seu apê. Safada, aposto que adoraria. Se bobear tiraria uma onda de teor contemporâneo pra aquelas amigas descoladas de Santa Teresa.
Limpo o nariz ainda meio branco no espelho e desarrumo de leve meus cabelos. Troco o vinil por um digital, alto e claro Morrissey, uma das únicas bichas que consegui respeitar em toda minha vida, apesar de não me considerar lá o que se pode classificar de homofóbico. Já de calça jeans passo o tal cheiro líquido que vende em vidros, mas só funciona quando entra em contato com meus poros. Fragrância perfeita pra você, parece ter sido feita com meu sobrenome na química. Às vezes acho que tu não podes viver sem mim porquê eu te como com verdade, independente dos dias de força ou dos dias que flutuamos de tão leve em nossa cama. Mulheres merecem entrega numa foda e cada vez que olho dentro de seus olhos momentos antes de gozar, com minha pica enrijecendo um pouco mais
há segundos de te inundar, sei que você enxerga verdade ali.
Deixo-te lá com o som alto, um beijo carinhoso na testa e a sensação de que vou procurar mentiras pela rua. Sempre fora assim afinal. Vou buscar os franceses pro nosso tradicional macarrão de domingo. Eles trazem o vinho, eu faço o molho e a massa compramos naquela italianada da Tijuca. Gerald geralmente leva um pouco de skank, mas dessa vez disse que só tava com um homegrow mesmo. I don´t care. Isso não importa pra quem não liga a mínima se vai ficar doidão ou não pois já tá bastante crescido pra isso. No rádio do carro coloco Chet is Back e fico com vontade de me mandar pra Itália de vez, mas aí pego a Lagoa sem trânsito e percebo que só preciso de outra dose de Jack Daniels com Coca, um novo sorriso seu e um pouco de velocidade pra viver. Paro no posto pra encher o tanque. A gasolina tá um absurdo.

Um comentário:

Grupo disse...

Gostei desse cara ^^