sábado, 8 de outubro de 2005

A Praia

A música vem de dentro da casa, cravada estrategicamente a poucos metros da água salgada. Os pés amaciam a areia fofa e fria, misturada com o mar num fim de tarde com ventos que se encarregam de levar a tristeza embora. Cada onda quebra emitindo sons que parecem ensaiados, tamanha a sintonia com o bongô que um rastafari fajuto toca de forma legítima. Abacaxi, vinho e atmosfera calorosa num fim de tarde de corações frios reunidos pela alegria e balanço flamejante de uma fogueira quente. Um cachorro brinca com um coco, puxa suas fibras e corre de lá pra cá. Oxalá a lua começa a nascer e algumas estrelas já reivindicam a atenção merecida, estão prostradas no céu há mais tempo. Cigarros rolam pra quem gosta de cigarros, bebidas descem pela garganta de quem tem sede, línguas se encontram num encontro que nem fora marcado, apenas acontece. Magia. Alegria que espanta o gelo. Gelo no copo. Copo na boca. Boca na boca. E o céu ali. Grande, infinito e vendo tudo aquilo quietinho. Do jeito que só ele sabe fazer. O verão acabara de chegar na praia de todos os nossos sonhos.

Dezembro de 2004 ®

Um comentário:

Anônimo disse...

Concreto, prédios, sirenes, buzinas, pessoas correndo, carros, trânsito, engarrafamento, céu cinza, garoa fina...Enfim, São Paulo!
Deu muita vontade de ir à praia depois de ler seu texto. Pena ser tão longe!