quinta-feira, 14 de maio de 2009

Grito seco

Enquanto comia aquele cu a seco, sentia vontade de quebrar seu pescoço com um soco ou uma marretada. Sua disposição em ser meu capacho, as vezes fazia-me crer estar apaixonado por ela, as vezes causava-me asco. Mas comer aquele cu a seco, no sol de meio dia, sempre dava-me vontade de quebrar seu pescoço. Os cheiros da rua, nosso suor, o cinzeiro sujo, o prato com os restos de torrada, o cheiro de shampoo em seu cabelo e aquele maldito cheiro de buceta, acordavam meu nariz. O resto do dia não havia olfato, tava cagando pra fragrancias e aromas. Tava cagando pra notas e safras e uvas e vinhos. Me importava aquela sua buceta. Me encantava era aquele seu cu, aquele cheiro de suor naquele furo, cuidadosamente cheio de preguinhas. Aqueles cabelinhos finos e loirinhos, quase impossíveis de se ver a olhos nus, mas apoteóticos ao reflexo do sol do meio dia, apontados como setas em torno de suas covinhas nas costas. Aquela mistura do meu cheiro, com o cheiro de seu furo, com o cheiro imaginativo da merda que passara ali. Que me bastasse aquele cheiro de cu. Que me bastasse comer aquele cu a seco todos os dias em meu horário de almoço. Seria perfeito se num dia como outro qualquer não tivesse cedido aos meus desejos. Agora era o sangue no colchão, minha porra naquela bunda morta e a polícia sendo chamada por causa de um grito seco.

Um comentário:

André Aires disse...

é de mijar de rir.

abracos.