segunda-feira, 7 de abril de 2008

Pelo calor

E se já sinto querer você
que nem sei direito quem é,
assim me sinto menor.
Mas assim mesmo me sinto vivo
quando percebo que minha outra história
não chegou ao fim,
só é hora de sair de mim.
Se o violão me traz àquela hora sem cor,

é por causa dessa sua roupa que nem entendo,
com seu jeito bem menos bonito.
Com esse céu cinza que não combina com o dia lindo
que fez quando li aqueles textos
ou te beijei errado na madrugada.
Nada combina.
Não combina a gente afastado assim,
como nunca combinou a gente fazendo planos juntos.
Não combina minha cabeça perceber
que nunca era pra ter sido.
Não combina você mais uma vez
dando desculpas esfarrapadas pra gente não ficar junto,
quando o que seria muito mais bonito de dizer,
você não diz.
Diga não, moça.
Diga nunca.
Viva o risco sem a vergonha.
Passe suas dúvidas pra mim
que transformo em poesia.
Ou sofro, sei lá.
Mas, não mais.
Não mais agora.
Na verdade não me passe mais nada.
Não me passe mais nada
se agora o que quero
é passar sem você.
Esse dia de chuva combina com o que sinto.

A carona combina com o que sinto.
Mais uma vez sem você num final de noite,
combina com a gente.
Às vezes acho que posso perceber
seus momentos de fraqueza e dúvida.
Mas agora quero você
como quem quer uma amiga.
Sei que agora ainda quero teu sexo,
mas é por esse calor que me faz escrever.
É por esse calor que me faz estar vivo.
É por esse calor que faz minhas chegadas
serem repletas de perguntas sem respostas.
É pelo calor que dá tanta sede.
Que me dá tanta fome de querer descobrir
sem me importar se vai dar certo ou não.
Assim como quis você.
Como eu quis te amar.
Como eu quis chorar no teu colo.
Como eu quis.
Mesmo sabendo que com você
não haveria sequer motivos pra chorar.
Mas agora quem chora não sou eu.
Agora são somente essas nuvens pretas
que deixam tudo mais bonito.
Agora é essa chuva.
Agora é esse céu chorando,
cobrando cada atitude minha
em cada trovoada.
Agora é outra amiga apaixonada que chega
e vejo como está bonita.
Vejo como seus olhos estão radiantes.
E isso é bom.
Mas aí percebo como você está estranha
com essa sua roupa que não entendo.
E percebo que você deu tanto valor
pras coisas que menos te deram coisas em troca.
E me dá uma vontade danada de te salvar.
Logo eu, tão perdido.
Então já quero ser seu amigo de novo
e esqueço esse papo raso de salvação.
Afinal quero te ver bem porque ainda te amo.
Quero te ver bem porque talvez no futuro
não consiga explicar metade das coisas
que agora escrevo sem esses freios tolos
que travam nossos erros.

Quero-te bem mulher.
Quero-te forte.
Mas agora te quero longe de mim.

Um comentário:

André Aires disse...

Um dos melhores. Tanto que não vou nem estragar com comentários.

Abraços, amigão.

Saudade de tu, cara de pitu.