quinta-feira, 10 de abril de 2008

Soneto do início

A gente deixa a janela aberta
e convida os barulhos da rua pra dentro.
Entre sons de pneus amaciando pedra
e aquela orquestra feita de chuva,
que inclusive vem com cheiro bom,
nos entendemos bem.

Mais um filme que devolvemos sem ver,
mais uma tarde que a gente nem vê passar.
Fica mais fácil esperar o que nem sabemos se virá,
quando combinamos esquecer a época
em que esse tipo de coisa insistia em importar.

Agora somos nós sem medo do erro,
ou quase.
Sem pedidos de garantia,
vacilando inocentemente de propósito
só pra deixar tudo mais bonito.

E fica tudo menos fake,
são menos bandas novas pra se ouvir
e menos poses em dia de lua.

É sol e temos tempo de errar porque tudo é começo.
É dia e temos a semana pela frente porque tudo é começo.
Pega um pouco d’água e vem pra cá com essa tua risada leve.
Porque agora tudo é começo.

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