segunda-feira, 24 de março de 2008

Passado presente

Pego um táxi e você fica para trás. Ali num passado presente, ainda tão difícil de dissociar da lista das coisas que mais gosto. Conheço pessoas diferentes, com anseios novos, medos antigos e aquelas mesmas utopias inocentes que me encantam. A gente vai ficando assim mais velho, ficando meio bobo, meio encantado demais com aquelas novidades que não se impõem, chegam sem forçar a barra. São sentimentos de uma doação sem aquela pretensão de pedir algo em troca. Mesmo que seja apenas um ainda. Um estágio inicial que carrega um frescor, em sintonia com novos cheiros, novas músicas e com as novas histórias que preciso. Vou desafogando e minha alma se purificando enquanto você fica pra trás. Vão passando jardins, grafites e pessoas em pontos de ônibus. Vão passando árvores, pássaros e a cor do asfalto. Vão passando as decisões que preciso tomar todos os dias e uma nova trilha segue encantando meu peito, com o francês e esse hebraico que não deixa meus ouvidos mais em paz. Ainda sinto você aqui perto de mim, mesmo tão longe. Ainda sinto muitas coisas e isso é bom. Essa capacidade de me emocionar ou a forma como os pêlos de meus braços se eriçam não deixam dúvidas quanto àquilo que sinto. Toda minha poesia foi feita pra te abraçar e me sinto mais homem assim. Sinto-me completo assim. Por mais que você a cada dia vá ficando mais e mais para trás. Num passado tão presente.

Um comentário:

André Aires disse...

Demais. Muito bom.
Abraço, meu velho.