quarta-feira, 25 de abril de 2007

Duas crianças e um banheiro

Eu tinha duas crianças e um banheiro. Cê precisava ver o tamanho dos meus peitos, ameaçavam tocar o chão. Uma boa dose por dia e um cheque no final de todo mês sustentavam aquele circo. Meus filhos eram dois bravos soldadinhos. Com certeza aprontariam muito quando os pêlos invadissem seus corpos. Por ora tomavam sua sopa de tomate magra, uma mistura de catchup e água quente, sem reclamar. Era o que dava pra pagar, pelo menos o que sobrava depois de uns bons tragos. Após o banho, quando eu começava a raspar minhas pernas na banheira, às vezes eles ficavam me observando pela porta encostada, com olhinhos arregalados. Será que sentiam nojo de mim? Acho que não. Minha cabeça era uma bagunça, aquela casa era uma bagunça, minhas varises eram uma bagunça. Era um sobrado pequeno, mas aconchegante. Pela manhã nunca deixei faltar cereal e um belo blues rolando no rádio. Alto. Eu tinha duas crianças e um banheiro.

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