terça-feira, 8 de julho de 2008

Amor em Bic

Em cima de uma pilha de livros velhos descansa um cigarro apagado. Misturado ao cheiro de café frio, todos os nossos pecados são visíveis a olho nu. Aplacamos essa distância refugando tudo o que o resto do que não existe neste apartamento, pensa. Simplesmente é permitido que sejamos assim. Se temos tantos sonhos bobos, carregamos de veracidade nossas metas mais fúteis amadurecendo a cada queda. É de um impressionante declínio a importância daquilo que não se disponibiliza para o amor como nós. Somos tão fortes. Somos tão jovens. Somos tão bonitos. A sutileza que carrega essa total impossibilidade de destruição que o lado de fora nos reserva, nos liberta em sorrisos cada dia mais sinceros. Não tripudiamos em cima dos fracos. Nem precisaríamos disso. Se o que nos faz forte é o amor, em dobro multiplicamos a renda dessa generosidade gratuita. A gente fica mais engajado porque temos espaço no peito pra lutar pelos ideais honestos com o brilho que nossos olhos carregam. As bandeiras em nossos punhos cerrados são de significados vadios. Mudam em hyperlinks de uma coerência gritante. Ficar parado não serve, não é garantia de nada. E tudo isso porque estamos amando. E tudo isso porque somos jovens. E tudo isso por causa do tal infinito que nos metemos ao permitir nosso peito sangrar assim.

3 comentários:

Artur disse...

eu conhecia um cara volta e meia rasgava um poema meloso...

Toma jeito rapá!

Grupo disse...

Você nunca esteve tão político.

Sempre legal ler o que você escreve.

Anônimo disse...

É porque somos jovens que existe o infinito. Depois, ele morre, e finalmente morremos nós também!