segunda-feira, 12 de maio de 2008

Deixa estar

E se já sinto que não sei nada sobre a gente, é quando mais me sinto seguro em pisar firme. Aperto a chave no bolso com aquela convicção de que não preciso mais de um dia de sol pra salvar meu dia. Abro espaço dentro de todas as minhas falsas percepções do que em algum momento foi considerar perfeito estar ao teu lado. Agora estou assim, metido a estar feliz por pequenas coisas. Só fico irritado quando você quer me levar da pista antes do sol invadir a janela ao lado da caixa de som. Ainda insisto em deixar claro que prefiro muito mais o rock em meus ouvidos, mas você me faz rir dizendo que minha fase eletrônica já deixou guitarras comendo poeira faz tempo. Não dá pra negar que as coisas parecem acontecer rápidas demais e quando tudo o mais parece lento, nem dá tempo de aproveitar. Mas esses novos tempos seguem parecendo tão antigos quando me invadem com o aconchego de acreditar no que parecia estar adormecido. E é justamente quando sei que posso mudar de uma hora pra outra, que não me cobro mais. Não seria justo comigo. Sei que minha cabeça gira rápida como um foguete perdido e confesso: já cansei de acompanhar esse roteiro nem sei quanto tempo faz. Tenho certeza de que essa mania de achar defeito em belas histórias é o meu peito de jogador ou minha insegurança de merda, agindo. Fico com raiva de ainda achar um tanto quanto sexy essa roleta de dados em toda relação com meu nome na ficha. Mas se minha mão segue se enchendo de boas cartas, a mesa vai sendo minha e ainda posso parar de jogar quando bem entender, deixa estar. Deixo esse tempo de poesia exata para trás. Deixo esse tempo de não atender o celular para trás. Deixo alguns gigabytes de músicas para trás também. Jogo na lixeira todo o tempo latente que não quero perder por agora, se é hora de me jogar mais em tudo o que me instiga assim como você.

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