terça-feira, 27 de março de 2007

Rum nº2

A gente se conheceu meio por acaso. Numa feira que armam aos sábados perto do meu prédio. Dá pra ver da janela. Geralmente quando acordo com aquelas vontades de me tornar um cara mais saudável de novo, acabo passando por lá a procura de frutas. Pareço um ecologista tarado. Compro quilos de coisas coloridas que depois ficam pretas na fruteira. Uma vez até me deprimiu ver um cacho de bananas podre, cheio de moscas voando por cima, ao chegar em casa com o dia já claro de uma noitada. Enfim, perguntei o nome dela enquanto provava um pedaço de abacaxi numa das muitas tendas enfileiradas pela rua. Estava de óculos e tinha uma bunda que chamou minha atenção de cara. Esses tecidos finos que algumas mulheres usam conseguem me tirar do sério. Vestia uma camisa branca com a logomarca de uma academia ou tipo de luta israelense, sei lá. Esse lance até me intimidou um pouco, mas depois só lembrava disso com certa graça. Principalmente quando estava colocando nela de quatro. Apesar dos óculos darem uma aparência mais séria, algo intelectual ou coisa parecida, ela só lia coisas sobre mulheres. Para colar o velcro faltava pouco. Eram desde heroínas da revolução sexual até a história das mulheres no evangelho. Não me pergunte por que, nem como, mas depois da tal feira e de algumas tentativas completamente fracassadas de conseguir tirar um sorriso dela, estávamos tomando um suco numa lanchonete dessas que só de ficar no balcão você já se sente mais saudável, perto dali. Ela com sua sacola hippie cheia de coisas verdes saltando pra fora e eu com meus quilos coloridos de frutas. Deve ter sido a única vez que dividimos um copo de suco na vida. Não que ela não tivesse esse hábito, mas eu geralmente misturava rum a qualquer coisa. Fica muito melhor.

2 comentários:

Grupo disse...

Muito bom

Julia Maia Lambert disse...

WOW²!!!