terça-feira, 3 de janeiro de 2006

A flor

Vejo suas fotos bronzeadas portando um falso sorriso e invisto cada vez mais no meu sonho. Mergulho em minhas metas. Vou tentando ser feliz enquanto o tempo vai passando e nossa história vai ficando pra trás. Imagino-me te segurando no colo, limpando suas lágrimas. Mas lágrimas são somente lágrimas.
Planto uma flor e a rego. Traduzo e ilustro amor com parcimônia conhecendo cada dia de uma vez. Cada momento que passa faz meu corpo liberar uma casca, renovando expectativas rasas pela beleza que é não se esperar demais de alguém. Digo amém. Beijo a cruz que carrego no peito e sinto fé. Desço a pé e ando ruas e mais ruas, tomo chuva e sinto-me seco. Mas consigo enxergar o sol em outro sorriso. E seu sorriso vai tomando menores proporções em minha cabeça. Quem sabe uma hora ele suma. Quem sabe ele vença minha vontade de te esquecer e fique. Fique exposto como um quadro intocável nos corredores e alamedas que desembocam na minha alma caída. Não te quero mais e falar isso só prova que te quero cada vez mais. Desistir de entender essas nuances é a resposta pra todas as minhas preces. Embarcar num encontro marcado comigo mesmo faz meu pulmão respirar, encher-se de ar. Respiro fundo. Inspiro-me com outro sorriso. Mas seu sorriso continua ali. Incomodando. Lembrando-me que não é tão fácil apagar o imponderável. E toda poesia brota dolorida e linda. Com cores vivas e sons de pássaros num céu de baunilha. Escuto água corrente passando ao lado de tudo que não faz nexo. Percebo a vida como um retrocesso e isso me faz caminhar pra frente. Não enxergo heróis, mas vejo luz.
Vejo luz em outro sorriso. Sinto tesão e gosto por outro cheiro. Quero fazer comidinhas e paparicar. Arrancar roupas com virilidade, mas sem força. Minha pele branca avermelha-se e torna-se quente. E toda poeira fica parada no ar como um beija-flor. E flui como uma gota de orvalho descendo em passos firmes, caindo na grama úmida de um jardim alado onde ainda existe uma flor que plantei e insiste em não morrer.

Um comentário:

Anônimo disse...

até falaria alguma coisa, se vc não tivesse dito tudo. Amei Leo. Parabéns!
Beijo, Sá