Escrevo músicas que jamais vou tocar. Continuo começando as mesmas coisas
que eu nunca vou terminar. Enquanto bebo outra cerveja, reencontro todas aquelas
respostas que já sei que não vão durar. Já desisti das minhas certezas mais
profundas por você. E agora que a gente sabe que o mundo muda enquanto a gente muda
com ele, ficou mais fácil ser doce. Enquanto outro idiota voa por cima do balcão,
eu vejo poesia numa janela quebrada. Eu vejo poesia nas situações mais
ridículas. E com a minha barba ensopada de sangue, começo a acordar de todos os
meus pesadelos bruscos. Por que nos meus sonhos a vida é sempre esse entra e sai
constrangedor? Essa fissura de acender um cigarro quando a gente não conhece
ninguém? Eu sei do que sofro. Conheço essa doença. Sei muito bem como é essa
vontade de encontrar alguém que nos faça sentir bem, quando a gente quer ficar
junto assim, sem fazer nada. Minha sala precisa de uma mesa há tempos. Minha
sala precisa de você dormindo no sofá. Minha casa precisa parar de ser o meu
corpo aonde quer que eu vá. Porque quando existe um motivo pra voltar, a gente
sabe que tudo começou a valer a pena. E quando a gente volta a sentir esse medo, dá
uma coragem danada pra levantar.
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