domingo, 7 de novembro de 2010

Nós

Minhas palavras saindo feito vento pra dentro de seus ouvidos. Sorrisos. Éramos nós, sós, no meio de milhares de pessoas banais. Ninguém mais faria sentido, ninguém ousaria nos atrapalhar, ninguém poderia. Seu rosto secando meu suor, encostando-se em mim de um jeito tão suave. Minha conexão, meu presente tão presente, tão vivo, tudo fazendo tanto sentido. E a música alta trazendo sua boca até meus ouvidos de bandeja, meus sentidos todos vestidos em sua alma, tirando sua roupa, deixando-a nua. Éramos nós, sós, no meio de milhares de pessoas banais. Sua emoção trazendo nosso futuro pra perto, abraçando aquela espécie de brincadeira, respondendo ironicamente todas as minhas expectativas. Sua pele morena tranquila, agindo como a moldura perfeita para seus dois olhos elétricos, cheios de sede e intenso brilho d’água. Olhos de saias que dançavam enquanto minha boca falava, falava e falava, tentando não beijá-la. Pelo menos agora, não agora. Porque àquela hora, tão nova, consumia-me de motivos para ouvir sua voz. Porque logo mais estaríamos a sós. E pela primeira vez seríamos nós, enfim, no meio de milhares de sonhos a mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

toda vez que leio me encho de encantamento....