quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Notas de um mesmo assunto nº23

Se não escrevo mais já não posso ser considerado um escritor. Já não posso mais colocar em forma de pequenos retalhos, cada fiapo do que sinto descrito em palavras. Tenho medo do que escrevo. Prefiro dizer. Prefiro sentir. Queimo a língua e coloco fogo em todos meus livros. Em todas as minhas páginas com cheiro de loja. Minhas letras são feitas de chuva. Preciso de mais lama pra limpar cada página em branco com a sujeira que emociona e faz tudo começar a criar sentido. Se você me lê e pensa consigo "Nossa! Como entendo isso?!", já não faz o menor sentido que ainda sim, eu siga sendo entendido. Compro cada metro que nos separa e pago caro por isso. Peço por minhas certezas o mínimo, para que elas não sejam motivos de piada. Motivos de orgulho, eu já garanto quando levanto da cama e nos primeiros raios de sol percebo que não penso como você. Me afasto dessa retórica rouca. Sigo longe dessa receita de bolo indefectível. Você é pouco para mim, é apenas sobremesa. Sou mais forte por saber rir, por saber perdoar e por pensar que se consigo ser o inverso do que você acha que o sucesso é, já encontrei metade dos meus objetivos do dia.

Nenhum comentário: