quinta-feira, 29 de abril de 2010

Restart

No corpo dela, quase todo coberto por tatuagens, ainda sobrava espaço pra muita pele vermelha. Daquele tipo rubro pós tapa. Distante da poesia, simplificara seu ímpeto criativo tomando vodka. Escolhia muito bem quem tolerar ao seu lado, era preciso passar no teste: não ser sacal. Impossível impressioná-la com um carro ou uma conta bancária generosa, já que a umidade em sua boceta não costumava ter ligação direta com medalhas sociais. Isso pelo menos não me tirava do jogo. Ainda não a conhecia quando esbofetei seu drink e quase joguei seu corpo frágil pro outro lado do balcão. Naquele ponto duas únicas coisas chamaram minha atenção. 1) A pin up na pele branca de uma de suas lindas pernas. 2) Os cacos de vidro da caneca quebrada em meu queixo, pousados na madeira podre do chão do Saloon. Prazer. Lá estava eu conhecendo uma nova mulher com ótimas credenciais pra começar uma conversa: nocauteado, bêbado e, talvez a única coisa mais próxima de um leve romantismo, jogado aos seus pés.

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